O Banco do Brasil divulgou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no 2º trimestre de 2025, uma queda brutal de 60,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, e bem abaixo dos quase R$ 5 bilhões estimados pelos analistas. A margem de retorno sobre o patrimônio (ROE) despencou para 8,4%, ante 21,6% em 2024, configurando o pior patamar em décadas.
Inadimplência no Agronegócio em Níveis Alarmantes
A carteira de crédito rural, pilar tradicional do banco, registrou inadimplência de 3,49%, do total de empréstimos agrícolas, número recorde e bem acima dos 1,32% do ano anterior. A deterioração foi impulsionada por condições adversas como clima desfavorável, alta dos juros e custos elevados, levando 20 mil produtores ao calote – 74% deles sem histórico de atraso até dezembro de 2023.
Revisão de Projeções e Dividendos
Diante desse cenário, o Banco do Brasil revisou suas projeções de lucro ajustado para R$ 21 a R$ 25 bilhões em 2025 — bem abaixo do range anterior de R$ 37 a R$ 41 bilhões e da expectativa média de R$ 26,8 bilhões. Além disso, o banco reduziu seu payout para 30% dos lucros, ante faixa de 40% a 45% anteriormente praticada, apontando cautela e necessidade de reforço no caixa.
Impacto no Mercado e Perspectivas Futuras
Após o balanço, as ações BBAS3 despencaram mais de 30% desde a divulgação do 1T25. Os mercados reagiram com forte cautela diante da deterioração dos indicadores de crédito e cenário desafiador para o agronegócio. No entanto, o banco acredita em recuperação parcial no 4º trimestre, com alívio de inadimplência e maior margem financeira.
Apesar dos ventos contrários, analistas enxergam oportunidades de resiliência: investimentos em tecnologia, diversificação de crédito e adaptação a novas regulamentações podem tornar o banco atraente no longo prazo, caso obtenha estabilidade na carteira de crédito.